Arquivo Aberto

Diário de um sobrevivente

Apresentação do Livro "Arquivo Aberto", por Ryoki Inoue


Este é um livro que merece ser lido. Lido e estudado, pois não se trata de apenas mais um comentário sobre os chamados “Anos de Chumbo”. José Carlos Bittencourt traça, em suas páginas, uma retrospectiva sobre as vicissitudes da profissão de jornalista durante esse período.

O leitor que espera ver nessa obra um “desce a lenha” nos militares – tanto aqueles que ocupavam o poder, como seus subalternos – há de se decepcionar. Bittencourt é imparcial – aliás mostrando mais uma vez que é um Jornalista (assim, com caixa alta) – e simplesmente mostra os fatos, diz o que aconteceu. Ao contrário do que muitos desejariam, ele não toma partido, não “puxa a brasa para a sardinha” de ninguém.

A maneira como Bittencourt disserta sobra a implantação do AI-5 não dá margens a julgamentos outros que não a realidade do que aconteceu. Não há uma “malhação do Judas”, não se nota a impressão pessoal, apenas se percebe claramente a narração dos fatos e suas implicações mais diretas sobre a vida do povo, especialmente sobre o trabalho jornalístico.

Poderia dizer que Arquivo Aberto é uma autobiografia em que o autor tem como foco o seu trabalho. Normalmente, numa autobiografia, dá para notar um certo Complexo de Narciso por parte do autor. Não no livro de Bittencourt. Em muitos trechos de sua narrativa, vê-se que ele se “apaga”, procura se deixar ofuscar para permitir o brilho de seus colegas de profissão. Até mesmo quando trata de sua saúde (teve dois cânceres diferentes e bastante graves). Bittencourt não dedica a esses episódios, que seriam marcantes para qualquer um, mais do que apenas algumas páginas.

E é exatamente isso que torna seu livro, Arquivo Aberto, uma leitura agradável e útil para qualquer tipo de leitor, especialmente para os curiosos que gostariam de saber como um jornalista político conseguiu sobreviver (de no sentido literal deste verbo) numa época de repressão, censura e – principalmente – “dedurismo”, quando rivalidades profissionais facilmente poderiam ser transformadas em denúncias sem fundamento e com consequências as mais graves.

Bittencourt tem um jeito leve e agradável de escrever, tornando a leitura de um tema “pesado” numa leitura prazerosa e informativa. A redação de um bom jornalista e de um grande escritor. Comunicar é uma arte, e Bittencourt é um artista de mão cheia.

Tecer uma crítica sobre Arquivo Aberto é uma missão complicada. De um crítico espera-se justamente isso: a crítica. Neste nosso ignaro país, arquetipicamente entende-se crítica com uma conotação de negatividade. Portanto, seguindo esse princípio, é impossível criticar Arquivo Aberto. Em sã consciência, este livro só pode ser elogiado.

Críticas Literárias


A maneira como Bittencourt disserta sobra a implantação do AI-5 não dá margens a julgamentos outros que não a realidade do que aconteceu. Não há uma “malhação do Judas”, não se nota a impressão pessoal, apenas se percebe claramente a narração dos fatos e suas implicações mais diretas sobre a vida do povo, especialmente sobre o trabalho jornalístico.
(por Ryoki Inoue)


Li, gostei muito, e recomendo a leitura de Arquivo Aberto - Diário de um Sobrevivente, que retrata fielmente uma época difícil que o Brasil atravessou, escrito por quem viveu intensamente esse momento terrível de nossa história.
(por Reali Júnior)


Arquivo Aberto - Diário de Um Sobrevivente vale a pena ser lido. Do leitor mais exigente ao mais displicente, tenho certeza absoluta que todos eles, todos nós, vamos gostar de ler. Eu gostei muito. É um livro singular - pode ser lido de algumas formas, em camadas. E em todas as camadas, da mais superficial a mais profunda, o livro vence a si mesmo. Todo livro bom passa inevitavelmente por vários testes: o primeiro, o de ser escrito; o segundo, o de ser editado; o terceiro, o de ser comprado; o quarto, o de ser lido até o final e, o último, de ser indicado pelo leitor a outras pessoas com entuasiasmo.


O experiente jornalista José Carlos Bittencourt, o autor, soube utilizar sua vasta experiência de escrever e de viver para construir um livro autobiográfico saboroso. E de alta culinária - que tem todas as características de livros que passam por todos os testes.
É um livro que encanta, que informa, mas qtambém ensina, traz benefícios claros aos leitores. Não são apenas lembranças, informações de algumas épocas do Brasil, entretenimento, num texto rápido, enxuto, bem construído, típico de jornalista que sabe escrever de maneira fluida, clara, com ironia e humor, com alfinetadas inteligentes. Nesta camada, Bittencourt, narra a sua própria trajetória profissional; junta com habilidade a história dos bastidores de um jornalista com os bastidores da política nacional, em anos bastante conturbados do Brasil. Muito saboroso.
Numa camada mais profunda, o livro narra uma experiência de vida - de como sobreviver num mundo de tantas mudanças. O subtítulo do livro denuncia a intenção do autor: Diário de Um Sobrevivente. De fato, aprendi muito com Bittencourt sobre sobreviver com dignidade, com compaixão, com humor e mesmo em horas inesperadas ou desesperadas.


Gosto quando um livro me ensina sem se impor, mas impondo-se somente com seus exemplos. A vida de Bittencourt e de alguns períodos do Brasil, narradas em Arquivo Aberto, me ensinaram muito a confiar na vida, a celebrar com os amigos, a agradecer, a ter fé, a continuar atuando, a não desistir, a ser capaz de continuar avançando, apesar das circunstâncias... Constumo dizer que viver é para profissional, e não para amador, como eu e muitos. Bom, José Carlos Bittencourt é profissional. O livro vale a pena ser lido.
(por Miguel Ângelo Filiage)


Arquivo Aberto


Clique para comprar o livro
Ficção política com jogo bruto não seria melhor. A ação em Arquivo Aberto – Diário de um Sobrevivente é uma atraente viagem – ou melhor, uma corrida – no tempo através do forró de jogadas e mistificação da política brasileira.

Nesta narrativa em que o autor é repórter e também personagem, o leitor se sentirá “agarrado” pelo ritmo de quem tem de enviar imediatamente a notícia para o ar ou para a oficina do jornal. A imparcialidade (ou frieza), que os frágeis cânones da profissão apregoam, não está presente nestas páginas. Nelas há opinião, reflexão, pensamento, paixão. Enfim, há vida, pois Arquivo Aberto é sobretudo uma história de vida e de uma vida.

Situações profissionais e da intimidade do autor perpassam a ciranda política em que se misturam acaso, humor, inteligência e, em doses cavalares, astúcia e camuflagem, as formas animais de inteligência, presentíssimas na cena política brasileira. Em rápidas descrições de força bruta, a razão das bestas, o autor acena como fazem os arqueólogos, com fragmentos que instigam a buscar o entendimento de noss passado e, consequentemente, do presente do país.

Aqui se chacoalham frente ao leitor lembranças que ainda pedem explicações: as mortes altamente suspeitas de Juscelino Kubitshek (1976), João Goulart (1976) e Carlos Lacerda (1977), e o assassinato do deputado Ulisses Guimarães (1992). Por coincidência, os primeiros eram os três políticos de maior expressão para suceder o regime diatorial, depois de organizar a “Frente Ampla” pela redemocratização.

Ulysses, quando o país respirava os primeiros ares de democracia, dez dias depois da renúncia do ex-presidente Fernando Color de Mello, após o impeachment ser aprovado pelo Congresso.

Arquivo Aberto vai muito mais longe, mas não tão fundo que possa cansar. Oferece de que rir, de que chorar e sobre o que pensar. Arquivo Aberto se limita na justa dimensão pelos dois instrumentos mais opressivos do jornalismo, o tempo e, o mais que este, o espaço. Para os cineastas de plantão está nestas páginas um belo argumento para o roteiro de um filme. E com um personagem que, em off, faz a narrativa na primeira pessoa.

por Wilson Palhares

O Jornalista José Carlos Bittencourt


José Carlos Carvalhaes Bittencourt, jornalista profissional desde 1963, nasceu em São Paulo em 29 de maio de 1944. Fez o primeiro e o segundo graus no Colégio Nossa Senhora do Brasil; o colegial (clássico) no Colégio Rio Branco – turma de 1962.

A carreira jornalística teve início em 1963, numa equipe de jovens contratada pela Rádio Excelsior de São Paulo (atual CBN). Em 1964 foi para o jornal popular Notícias Populares. Seis meses depois, foi contratado pelo diário carioca Correio da Manhã e pela TV Excelsior, canal 9 de SP, líder de audiência. Em 1965, o jornalista e escritor Mário Donato escalou-o para a reportagem política do Correio.

Colunista político diário da Folha da Tarde de SP, em duas fases, 1967/1971 e 1979/1985 -, Última Hora/SP (1974/1976), Aqui São Paulo (1975/1977) – ambos com Samuel Wainer -; Diário Popular, de São Paulo (1985/1988); diretor da Sucursal de São Paulo da Tribuna da Imprensa (1968) e tamb ém da Última Hora, do Rio (1988); colunista político da revista Afinal (1984/1985 e 1988/1989), e de mais de uma centena de jornais do interior paulista, de 1975 a 1996. 

Participou como entrevistador do primeiro programa de entrevistas políticas na TV Bandeirantes, no começo da abertura política (1975) e debatedor permanente em programas políticos da TV Record (1978/1981).

Comentarista político da TV Cultura em 1981 e de emissoras de rádio como Jovem Pan (1976/9177), Capital (1979/1980), Gazeta (1981/1983), Trianon (1998) e de várias outras emissoras do interior paulista e de outros estados, como o Dragão do Mar, de Fortaleza, Cerará. 

Fundou 11 jornais de bairro da capital pualista nos anos 80 e 90 e o jornal São Paulo em Debate, em 1997, para incentivar a recuperação do deteriorado centro paulistano. E ainda teve fôlego para, no meio desse imbróglio, comandar assessorias de comunicação e de imprensa.